sexta-feira, outubro 27, 2006

Lembro para você

Pizza no Cirandinha,
Cinema no Roxy ,
Passeio no shopping,
E alegria no play.
Bolas de gude na terra,
Show da Xuxa na TV,
“Supertrunfo” na mesa
E o Vannucci dando seu “alô você”.
Palhaço na festa,
Lingua de sogra na boca,
Brigadeiros mil nas mãos,
E bolo lambuzado do pé a testa.
Policia e ladrão no recreio,
Futebol no fim da tarde,
Praia pela manhã
E sonho com recheio
De doce de leite.


PS: Adaptação de um poema que li, um tempo atrás. Não lembro de quem era... Fala da infância. A minha.

domingo, outubro 22, 2006

A desibinição do soneto

O mundo imperfeito preenche suas curvas,
quando reflito sua imagem em aguas turvas.
Relaxe sobre os sinos silenciosos da paranóia,
com a complicada relação de um quartzo numa joía.

Libere seu corpo ao deleite do prazer
mesmo sabendo que os minutos cessarão.
Pois todos aqueles que anseiam em ver
a vergonha eminente que não passa em vão.

Não altere simplesmente o modo de pensar,
já que os fracos tendem a julgar,
tudo aquilo que a mentira pode dizer.

Levante a cabeça, mergulhe na paixão.
Não cultive o exílio libidinoso,
porque te confesso, afeta o coração.



PS: Não reparem não! Estou numa onda de escrever sonetos, mesmo que tenham falhas decassilábicas. Um dia eu chego lá.

sexta-feira, outubro 20, 2006

Reclamação

HOMEM

Ai que saco!

MULHER

Pára com isso, Bruno.

HOMEM

Parar com o que Marcela?

MULHER

De reclamar...

HOMEM

Reclamar?

MULHER

É.

HOMEM

Não reclamei de nada

MULHER

Como não? “Ai que saco!”é prazer?

HOMEM

Não. Mas não é reclamação. Não entoei minha voz como reclamação

MULHER

OK. OK

HOMEM

Confia em mim, Marcela. Você me conhece há vários anos, sabe que não tô reclamando. Estou somente a pensar. E pensei alto.


MULHER

Pensou em alto e reclamou algo. Foi da vida?

HOMEM

A vida tá boa, não posso reclamar. Não me falta nada...

MULHER

Nada, Nada???

(PAUSA)

HOMEM

Na verdade, uma coisa sim.

MULHER

Vamos lá. Desembucha?

HOMEM

Não.

MULHER

Por que?

HOMEM

Coisa minha. Se fosse para explanar contava para todos.

MULHER

Vamos? Você não pode me deixar curiosa.

HOMEM

Não deixarei…. (muda de assunto) Por acaso viu o novo filme do Almodovar?

MULHER

Não enrola, diga!!!

HOMEM

Não.

MULHER

Bruno Almeida! Diga logo o que é um saco?

HOMEM

Bem, um saco é um dispositivo de algum material, pode ser de papel, plástico, tecido. Tambëm é a denomincação pejorativa.....

MULHER

DÃÃÃÃAÃÃ

HOMEM

Não era isso que queria?

MULHER

Não, essa resposta, seu animal!!!

HOMEM

Ihhhhh, vai começar a destemperar...

MULHER

Não vou cair na sua jogadinha manjada da década passada.

HOMEM

Ihhhhhh, para segurar os bons modos tá complicado...curiosidade mata.

MULHER

Mata os outros. Fala logo. Senão me vou....

HOMEM

Vá!

MULHER

O que? Ai que saco!!! Me deixa!!!

HOMEM

AHA!! Está aí o que você queria. O saco é para essa conversa sem pé nem cabeça.

...

segunda-feira, outubro 16, 2006

Parati

Ando pelas ruas cheias de Paraty. Tropeço entre pedras e montes d’agua, caminhando com passo lento ao largo de passos largos de outros. Não vejo ninguém, a não ser as pequenas edificações antigas e suas luminárias centenárias. Nada impede de que siga meu caminho em direção norte. Defino essa trajetoria com a mesma certeza de que ignoro as risadas, as fumaças, as alegrias dos outros. Sentimental como estou, pretendo encontrar somente o meu bem estar.

Cruzo olhares. Esses não consigo escapar e alimentam meu destino. Verdes, claros, castanhos, puxados ou fechados, não deixo nenhum sem ter pelo menos uma mudança ocular minha. Como vicio quimico. Não imagino que algo encontrarei, mas tenho imaginação fértil em saber que nada perderei. Nenhuma daquelas pedras irá deter meus pensamentos. Uma música vem a cabeça, sem letra. Faço de meus passos, partituras. Faço de meus gestos, versos. Versos estes que não consigo mensurar a sensação de plenitude. Tudo incomoda, tudo se vai.

Contorno esquinas desertas cheias de risos complacentes de histórias incríveis que jamais escutarei. Seus sorrisos também me alimentam. Suas roupas detem meu espectro em segundos preciosos. Sucumbo a tentação. Esboço palavras desconexas. O tilintar das estrelas reflete a imensidão do negro mar. Cheiros diversos entopem minhas narinas. Nebulosas são as nuvens que encobrem a pequena lua que surge! Situações corriqueiras tornam o andar mais dificil. Cada passo dado parece perto da eternidade. Meu corpo sente a dificuldade e passo a flutuar, sem ao menos sair do chão. Os desniveis tornam-se retos. Caminho rápido e tenho a afirmação certa de que tudo isso não passa de um devaneio. Um louco devaneio pelas ruas históricas de uma cidade esquecida pelo futuro e lembrada por seu passado.

Como numa fotografia em preto e branco, sorrio para a camera imaginária da vida, concluo que nada me pertence, tiro a chave do bolso, abro a porta da realidade nociva que me cerca e vou dormir. Vou dormir sabendo que amanhã novamente andarei pelas ruas cheias de Paraty.

sexta-feira, outubro 06, 2006

A descoberta do soneto

Absurdo pensar em te conhecer naquela singela tarde
Surpreso e feliz, quando a iniciativa tomei
Um soneto, pretendo criar e de promessa farei
Numa noite quente e abafada que comemoro sem alarde.

A cabeça perturbada em criar um estigma
Nem pensou em ocultar o surgimento de um enigma
Já que se pena numa idéia em te contar
Como poderá ser possível o mais gélido dos homens te amar?

Caminho em círculos pelas ruas da primavera
Confuso pela possibilidade de encontrar
De alguma forma tua boca e teu olhar.

Já que projeto para todo mundo a alegria
Me envergonho, meu coração seca quando você se aproxima
Mesmo sabendo que por mim simplesmente passaria.