quinta-feira, julho 10, 2008

Parati II

Simplesmente entre as pedras a caminhar, percebo de relance o sol que não teima em cair. Na sutileza de suas esquinas, acompanho seu andar. Por que esses trejeitos me perseguem como uma obsessão? Isso nem todos terapeutas que freqüentei sabem me informar. Ao escolher como presa de minha fixação, fica mais fácil despi-la mentalmente. Não te acompanho para ver tuas formas imperfeitas. Seus traços mais puros freqüentam minha imaginação. Tropeço nas pedras. O lotado centro historico compõe minha tarde. Incompleta. Nos lugares, pessoas riem, casais conversam, famílias consomem num processo ascendente de preenchimento. E ao imaginar nossos lábios a tocar-se, sinto calafrios. Ao acompanhar outras pernas, lembro do seu caminhar calmo e correto, mesmo na imperfeição das ruas.

Paro em outra esquina e converso comigo sobre que decisão tomar. Chego a um acordo sobre a bebida. Aquela, que queima a garganta e arde sua língua. E a sensação de vulnerabilidade ao apertar nossas feridas? Será que já as curou?

A musica que vem de violas na praça, absorvem toda a angustia que sua falta me faz. Mas para sorrir novamente basta uma aceno qualquer, quiça um carinho. Volto minha atenção para a larga rua de pedras desniveladas. 

Essa situação não mais me atrapalhará. De braços cruzados caminho até o píer, aonde o barco me espera, para efetivamente deixar as lembranças em terra, já que agora navegarei em mares de saudade.

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