segunda-feira, junho 11, 2007

Móveis

Show. Todos dançando no palco e na pista. Garoto observa tudo reluzente, curioso em saber quem era aquela banda diferente.

Pedro: O nome da banda é empório?

Mulher: Não! é móveis! Empório é a musica.

Pedro: Como?

Mulher: Móveis coloniais de acaju!

Pedro: Ué, eles não seriam a ultima banda?

Mulher: Não!

Pedro: Como não? Ta lá no ingresso. Moptop e Móveis....

Mulher: Então?

Pedro: Moveis era para ser no final da noite.

Mulher: Mas ai que eles se equivocaram. Ou trocaram, já esta terminando o Móveis.

Pedro: Perai! Esse não é o grupo de abertura que me disseram?

Mulher: Não!

Pedro: Ahhhh por isso que não estava entendendo. Um pessoal cantando musicas a la Los Hermanos, tipo culto evangélico!!!!

Mulher: Pois é! Móveis!!!

Pedro: Móveis?

Mulher: Isso mesmo!

Seguiu-se um silencio ensurdecedor, pela banda sendo aclamada pelo pequeno publico que assistia a performance. Enquanto pensava em moveis, o que ele pensaria. Pude observar todo o seu conjunto e durante a próxima hora tentei encontrá-la em pensamentos e diálogos diversos para por em pratica a deliciosa fantasia da prosa a dois.
Pude verificar seus passos e suas andanças entre outros solteiros. Futuros pretendentes de uma terça a noite de frio. Às vezes me perdia em olhares alheios ao que acontecia ao redor e a outras pessoas que esbarravam em mim para mudar de nível. Calma, seria somente nível, como escadas. Nada de escala espiritual.
Isso foi tornando o evento despretensioso em evento ansioso. Não iria interrompê-la, pelo simples fato que a dança me parecia e sempre foi, a coisa mais expressiva para o momento e usaria isso contra mim. Por isso aguardei.
Palmas diversas, olhares amenos, luz acesa. Pessoas deixando o local, satisfeitas em ter escutado o estalar de guitarras e sopros nas diferenças musicais dos dois grupos. Comigo, o momento ideal para constranger o acaso e sepultar uma possível investida naquilo que eu desejaria. Fiquei observando o listrar vermelho e branco de sua blusa, imaginando por quanto desenrolaria a tal conversa.
Engolindo a seco, o que ainda restava de rouquidão, caminhei entre anônimos ao grupo de meninas que conversava animadamente entre risos e vozes altos. Chegando perto com o discurso pronto e as respostas gravadas na cabeça, toquei em seu braço com delicadeza. Ela virou, curiosa, pronta para ouvir algum comentário interessante que acabara de acontecer.

Pedro:-Carolina! MÓVEIS!

Mulher: - Móveis!

Sem mais acrescentar Pedro resignou-se a virar a cara já cabisbaixa a caminho da saída se perguntando o porque do lindo comentário altruísta.

segunda-feira, junho 04, 2007

Outono

Oculte a tristeza alheia
no caminhar perverso do olhar.
Sinta na imensidão
o pesar
de todo aquele que não queres sofrer.
Roga palavras singelas ao luar sem ao menos, ver para crer.
Pois a lua tende a brilhar
Para tudo aquilo que não queres ver.