sexta-feira, novembro 07, 2008

Podres ensinamentos

Estava contente. Sorridente a caminho de algum lugar que nem ele saberia. Porem andava contente. Tudo na mais perfeita conjunção. Se gostasse de horóscopo como as meninas, poderia dizer que lua e saturno estavam alinhados para o bem da humanidade e para seu próprio bem.

Logo encontra alguém que de cara não reconhece, mas ela sim o reconhece. Afinal esses longos cabelos grandes, além de escolher a cara do protagonista, tambem esconde aquilo que realmente pensam os mais críticos. Que isso não passa de uma timidez exacerbada para um ponto em comum dos seres humanos: a introspecção. Sendo assim, após ouvir o relato que ela partiria sem volta, ficou ofegante. Tentou disfarçar a realidade imposta e engoliu seco o marasmo dos dias infames que passaria após essa noticia. Que fantasia é esta, que impõe os desejos mais nobres, mas ao mesmo tempo leva para longe esses sonhos que não passam de um transtorno imensurável? Como tratá-los de forma bela se o reconhecimento do proximo não chega aos pés de sua adoração?

Sorrindo falso, de olhos arregalados, e de fala mansa porem com gaguejos se despediu sem mostrar seus anseios. Aquela cartada que iria utilizar em breve, escapava-se pelas mãos. Sabe a areia fininha que corre pelas frestas do corpo porem grudam em pequenas particulas difíceis de tirar inclusive no banho? É parecido, metaforicamente.

Na infãncia aprendemos a respeitar tudo e a todos. A educação foi imposta plenamente correta com lances de genialidade de ambos, sendo agraciada por momentos tenros e felizes com a genetica falta de preparo psiquico que o corpo humano é capaz de entregar-se. Por isso ao sentar-se no banco de madeira no grande hortifruti e beber devagar seu expresso, teve mais uma de suas mirabolantes idéias. Não deixaria passar em branco aquele sentimento esquisito que chamava excitação. Iria ligar. Iria tentar, pois sendo os momentos, únicos a cada instante, perderia o afeto imposto por um olhar demorado, lá atrás. Meses atrás. Em busca de uma realização pessoal digna de sucesso.

Mas preferiu o fracasso. Este que margeia os falsos sorrisos, os falsos equilibrios e os falsos olhares. Pois para poder viver como gostaria, teria de ser criado na marginalidade. Não no sentido figurado da palavra, mas no sentido amplo. Como na avenida principal não existia sinal para nenhuma parada, que seja melhor seguir pelas menores marginais, tendo a possibilidade de reflexão pronta para agir a qualquer momento.

Não sorriu. Seguiu em frente no transito caótico, desviando de todos e de tudo, com a cara amarrada e preocupada. Parou na esquina, tirou um dinheiro do bolso, comprou um belo sorvete duplo e com leves colheradas foi se deliciando com o momento. Momento único numa tarde de esclarecimentos unicos. Da paixão platônica incondicional de um homem por uma mulher.

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1 Comments:

At 09 novembro, 2008 20:43, Blogger Letícia said...

Como o seu personagem nesse conto, muitas vezes preferi o fracasso.

Beijos.

 

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