Banquinho e violão
Perfeitamente acomodada em sua cama, A. disse não algumas vezes para suas amigas. De certo ainda tinha resquícios do cheiro de perfume aveludado que teimava em sair do quarto. Tudo remetia a ele e isso a intrigava. Suas amigas tiveram de se reunir e decidir que só parariam de ligar e cutucar A., se ela tomasse jeito e fosse curtir o show daquele cantor mineiro que se apresentaria no barzinho preferido de sua turma. Tudo a enojava, tudo a deixava sentimental demais. Não queria forçar a barra. Maldita hora que ele viajou e deixou que meus sonhos se tornassem estranhos devaneios, perdidos na imensidão oculta da minha imaginação.
Cansei, nem eu agüento mais a voz de minhas amigas tagarelas me chamando para sair e assistir o maldito show. Cedi, isso mesmo cedi. Para que ficar escutando toda hora: Vamos A. você ira adorar...? Eu entendia: Vamos A., esquece o dito cujo que viajou... Patético foi a cena delas comemorando a vitória parcial de uma simples noitada de sexta feira. No fundo, já estava enjoada de ver filmes até o amanhecer de sábado, fumando compulsivamente.
Eis que o sol da sexta feira se põe e todas elas eufóricas, já estão aqui em casa se embelezando, cantando as musicas preferidas e apertando incessantemente o repetir do disco. Até eu já cantarolava as musicas sem ao menos entendê-las. Minha cabeça ainda estava no dito cujo traiçoeiro que me trocou para estudar français e ser livre. Tomara que esteja entupido de baguete e que se afogue em vinho chardonnay!!!! (È mentira tá! Ainda gosto dele). E não é que no carro as musicas continuavam sem parar? O alívio da chegada foi diretamente proporcional a minha ultima transa com o dito cujo. Maldito, que veio me contar essa novidade estúpida quando deliciava-me com meu cigarro.
Sentamos todas juntas, na frente do palco. Elas compraram há tanto tempo, que conseguia enxergar os cravos que a base escondia na maquiagem do cantor, se quisesse. Pediram para descer a garrafa de whisky, amendoim e uma porção de nachos. Já que estava ali, acompanhei toda a comilança. Luzes se apagam, gritos histéricos, assobios aterrorizadores, gritos de guerra, como ‘Lindo, tesão, bonito e gostosão!”, embrulharam meu estomago. Por um momento quis sumir e voltar para debaixo do meu edredom. Por um momento, ok? Porque foi só ele entrar e testar o microfone que meu coração se desmantelou. Pensa em pétalas de lírios brancos caindo uma por um,a sobre um vasto riacho de água cristalina? SOU EU NESTE MOMENTO!!!! Comecei a suar compulsivamente, minha boca secou. Bebi num gole a dose de whisky e pedi mais. O jeito como segurava o microfone, o jeito que olhava para platéia, o jeito que pedia mais som. Fiquei hipnotizada!!! Claro, consegui não pensar no dito cujo por 3 minutos. Era recorde mundial. Estava fascinada. As musicas começaram e meus olhos não o deixaram mais em paz. Devo ter sugado a beleza interna e externa dele, pelo simples fato que me fortalecia cada vez que batia o olhar. Paixão. Defino isso como paixão. Gritava lindo, tesão,... te quero demais. Cheguei ao ponto das mais bagaceiras. Minhas amigas chegaram a se esconder e ficar com vergonha de mim. Que se explodam, pensava eu.
Às vezes ele ajeitava o banquinho, testava o funcionamento do violão. Roupa combinando, visual básico, cabelo longo, barba por fazer... Não podia querer outra coisa. Só visualizava seu cheiro. Se cheiro pode se visualizar! Por assim fiquei durante exatamente duas horas. No bis, queria que acabasse. Tinha que falar com ele o mais rápido possível, senão não iria agüentar.
Levantei-me correndo e fui em direção ao camarim esperá-lo. Como o show ainda rolava, os seguranças não perceberam. Isso foi ótimo. Tive o tempo de pensar, pensar, esfriar a cabeça e dosar as palavras que sairiam da minha boca. Ouvi lá de longe os aplausos e mais aplausos. Estava chegando a hora. Minhas amigas não paravam de ligar e mandar torpedinhos no celular. “Miga, cadê você. Show antológico!!! Te adoro!!! Vem logo!” escreviam elas. Para os diabos com “Miga”, eu o quero, pensava eu, cada vez mais certa. Ele demorou a vir. Avistei lá de longe. Carregava diversas coisas e vinha com o ar despreocupado, cara típica de dever cumprido. Ao passar por mim, acenou com a cabeça e não resisti. Peguei-o com força e pressionei o contra a parede. Ele ainda no susto, nada fez. Fui chegando devagar com a boca em seu ouvido. O cheiro de perfume abria os poros do meu corpo e me arrepiavam. Fui chegando até que sussurrei: quero muito te conhecer, está aqui meu telefone. Coloquei um papel com meu telefone. Dei-lhe um beijo caloroso e voltei correndo para minhas amigas. Certa que tinha feito a coisa certa. Certa que o dito cujo não pressionaria mais meus dias.
Quem diria eu C., dona de mim mesmo, completamente transtornada pelo holder do cantor....
Cansei, nem eu agüento mais a voz de minhas amigas tagarelas me chamando para sair e assistir o maldito show. Cedi, isso mesmo cedi. Para que ficar escutando toda hora: Vamos A. você ira adorar...? Eu entendia: Vamos A., esquece o dito cujo que viajou... Patético foi a cena delas comemorando a vitória parcial de uma simples noitada de sexta feira. No fundo, já estava enjoada de ver filmes até o amanhecer de sábado, fumando compulsivamente.
Eis que o sol da sexta feira se põe e todas elas eufóricas, já estão aqui em casa se embelezando, cantando as musicas preferidas e apertando incessantemente o repetir do disco. Até eu já cantarolava as musicas sem ao menos entendê-las. Minha cabeça ainda estava no dito cujo traiçoeiro que me trocou para estudar français e ser livre. Tomara que esteja entupido de baguete e que se afogue em vinho chardonnay!!!! (È mentira tá! Ainda gosto dele). E não é que no carro as musicas continuavam sem parar? O alívio da chegada foi diretamente proporcional a minha ultima transa com o dito cujo. Maldito, que veio me contar essa novidade estúpida quando deliciava-me com meu cigarro.
Sentamos todas juntas, na frente do palco. Elas compraram há tanto tempo, que conseguia enxergar os cravos que a base escondia na maquiagem do cantor, se quisesse. Pediram para descer a garrafa de whisky, amendoim e uma porção de nachos. Já que estava ali, acompanhei toda a comilança. Luzes se apagam, gritos histéricos, assobios aterrorizadores, gritos de guerra, como ‘Lindo, tesão, bonito e gostosão!”, embrulharam meu estomago. Por um momento quis sumir e voltar para debaixo do meu edredom. Por um momento, ok? Porque foi só ele entrar e testar o microfone que meu coração se desmantelou. Pensa em pétalas de lírios brancos caindo uma por um,a sobre um vasto riacho de água cristalina? SOU EU NESTE MOMENTO!!!! Comecei a suar compulsivamente, minha boca secou. Bebi num gole a dose de whisky e pedi mais. O jeito como segurava o microfone, o jeito que olhava para platéia, o jeito que pedia mais som. Fiquei hipnotizada!!! Claro, consegui não pensar no dito cujo por 3 minutos. Era recorde mundial. Estava fascinada. As musicas começaram e meus olhos não o deixaram mais em paz. Devo ter sugado a beleza interna e externa dele, pelo simples fato que me fortalecia cada vez que batia o olhar. Paixão. Defino isso como paixão. Gritava lindo, tesão,... te quero demais. Cheguei ao ponto das mais bagaceiras. Minhas amigas chegaram a se esconder e ficar com vergonha de mim. Que se explodam, pensava eu.
Às vezes ele ajeitava o banquinho, testava o funcionamento do violão. Roupa combinando, visual básico, cabelo longo, barba por fazer... Não podia querer outra coisa. Só visualizava seu cheiro. Se cheiro pode se visualizar! Por assim fiquei durante exatamente duas horas. No bis, queria que acabasse. Tinha que falar com ele o mais rápido possível, senão não iria agüentar.
Levantei-me correndo e fui em direção ao camarim esperá-lo. Como o show ainda rolava, os seguranças não perceberam. Isso foi ótimo. Tive o tempo de pensar, pensar, esfriar a cabeça e dosar as palavras que sairiam da minha boca. Ouvi lá de longe os aplausos e mais aplausos. Estava chegando a hora. Minhas amigas não paravam de ligar e mandar torpedinhos no celular. “Miga, cadê você. Show antológico!!! Te adoro!!! Vem logo!” escreviam elas. Para os diabos com “Miga”, eu o quero, pensava eu, cada vez mais certa. Ele demorou a vir. Avistei lá de longe. Carregava diversas coisas e vinha com o ar despreocupado, cara típica de dever cumprido. Ao passar por mim, acenou com a cabeça e não resisti. Peguei-o com força e pressionei o contra a parede. Ele ainda no susto, nada fez. Fui chegando devagar com a boca em seu ouvido. O cheiro de perfume abria os poros do meu corpo e me arrepiavam. Fui chegando até que sussurrei: quero muito te conhecer, está aqui meu telefone. Coloquei um papel com meu telefone. Dei-lhe um beijo caloroso e voltei correndo para minhas amigas. Certa que tinha feito a coisa certa. Certa que o dito cujo não pressionaria mais meus dias.
Quem diria eu C., dona de mim mesmo, completamente transtornada pelo holder do cantor....
2 Comments:
Mais uma vez, adorei! Me identifiquei completamente com a irritação de A.!!! Que horror...hahaha
Os lutos de certas coisas são necessários. E essa onda de impulsividade funciona num espaço de tempo tão curto,para depois as mesmas coisas voltarem numa intensidade tão maior e tão mais densa... Acredito em respeito ao tempo-pessoal, desde que não vire um abismo infinito.
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