Porre
A cabeça latejava. Quanto mais virava o rosto no travesseiro, mais esquecia o que tinha acontecido. A surra etílica que tomou a noite deve entrar para historia. Há tempos não via algo tão tenebroso. A boca tinha gosto de bombril gasto misturado com saponáceo. Não sei o gosto desses produtos de cozinha, mas consigo imaginar. Ao levantar para ver que horas eram, percebi pela fresta da janela, que o tímido sol de inverno descia enquanto um vento frio teimava em entrar pela janela escancarada. Estava nu, enrolado somente pelo edredon, vestindo uma meia somente, do lado contrário a cabeceira da cama. Jazi ali sem consegui pensar em nada por longos quatro minutos. Abri os olhos novamente. Olhos que lacrimejavam sem parar, vendo estantes e livros rodarem sem pensar. Viro o rosto para o outro lado. Além da parede branca, reluz um objeto vermelho e amarelo. Ao invés de ficar pensando besteiras, levanto assustado e sento-me na beira da cama. Acreditei que os já famosos flashbacks começariam.
Ao meu lado na cama, dormia uma guitarra de brinquedo. Mais precisamente uma guitarra inflável, dessas que encontram-se aos montes em parques de diversão, festas ou no próprio Saara. Sua cor vermelha delineava os entornos do instrumento enquanto a cor amarela fazia com que as cordas do instrumento por um momento fossem verdadeiras. Logo me veio a cabeça:- quando vi no cardápio a promoção, peça um e beba dois. Não deveria ter sido afobado. Pedi logo o mojito. Coloquei as mãos na cabeça e corri para cozinha, cambaleando e tateando tudo que via pela frente. Ao abrir a geladeira, a única coisa que sobrava era a jarra de água pela metade. Com a sede que tinha para repor as energias, bebi no gargalo. Água gelada com tempo gelado não se misturam e percebi que seria bom se colocasse uma roupa. Abri o armário e susto. Minhas roupas básicas não existiam mais. Só achei camisa preta, calças de couro, jeans rasgadas e um pôster do AC/DC. Corri para minha videoteca, e todos os meus clássicos não estavam lá. Pelo contrario, só havia show de rock pauleira. De todos os tipos. No vídeo, uma fita passava a hora que um musico famoso comia a cabeça de um morcego vivo. Fiquei estarrecido e sentei-me na poltrona da sala. Comecei a ligar essas informações. Bebedeira, AC/DC, calça de couro e morcegos...Fui beber mais água.
Achando aquilo demasiadamente estranho, resolvi por fim, tomar banho. Já era noite e acendi a luz. O banheiro continuava escuro e vi que a lâmpada estava queimada. Muito estranho já que tinha trocado há poucos dias atrás. Fui pegar uma nova para efetuar a troca. Trouxe junto à escada para trocar com segurança. Deixando o interruptor ligado, troquei a lâmpada. No momento que da conectividade elétrica, a lâmpada se iluminou. Por um instante fechei os olhos. Ao abrir, desci incrédulo em direção a bancada da pia. Nela, ao lado da escova de dente e fio dental, encontrei tinta branca, alguns brincos argolas, lápis para os olhos e rimel. Antes mesmo de olhar para o espelho, apavorei me. Passei a mão na cara, e ela estava para lá de ressecada. Ao olhar, a constatação. Não me via no espelho. Via um cantor de rock pesado com a cara toda pintada de branco, com realces pretos em volta dos olhos. Os cabelos sempre repartidos no meio, estava todo arrepiado, duro como tijolo. O pote de gel estava vazio no canto do banheiro. Liguei o som e tocava uma musica que desconhecia na qual uma pessoa gritava sem parar, implorando pela chegada do apocalipse. Já apavorado, abri a torneira do chuveiro para acabar com esse pesadelo real. Mas não tinha água. Precisava acabar com essa historia de qualquer maneira. Fui até o armário e coloquei a roupa menos extravagante que achei, uma camisa rosa fluorescente com um jeans cortado e remendado com correntes. Rezava para não encontrar ninguém fora dali. Iam me achar completamente fora de si.
Foi quando a campainha tocou. Vi pelo olho mágico que era Maria, a menina que chamaria para sair um dia, quando a coragem viesse. Me desesperei. Não tinha noção do que fazer, começava a ficar angustiado sem saber o motivo daquilo tudo. Tudo começou a vir na minha cabeça ao mesmo tempo. Vídeos, roupas, rimel, morcegos e gritaria. Junto disso tudo, veio também baixinho um jazz antigo de Cole porter que foi crescendo, crescendo , cada vez mais, até que só escutava ele. Isso me deu uma tranqulidade tamanha que fechei os olhos.
Abri logo depois e estava na cama, olhando para o despertador. O sol teimava em aparecer e o frio estava insuportável. Eram sete da manhã. Olhei para os lados e estava tudo normal. Levantei. Armário, videoteca, geladeira. Igual a sempre. Que susto! Que sonho! Que realidade sórdida – pensei. Tomei banho, me vesti para sair e preparava o café quando a campainha tocou. Abri a porta sem pestanejar. Lá fora estava Maria com uma guitarra de brinquedo. Sorria doce para mim e disse:
- Você esqueceu lá em casa, Ozzy.
Ao meu lado na cama, dormia uma guitarra de brinquedo. Mais precisamente uma guitarra inflável, dessas que encontram-se aos montes em parques de diversão, festas ou no próprio Saara. Sua cor vermelha delineava os entornos do instrumento enquanto a cor amarela fazia com que as cordas do instrumento por um momento fossem verdadeiras. Logo me veio a cabeça:- quando vi no cardápio a promoção, peça um e beba dois. Não deveria ter sido afobado. Pedi logo o mojito. Coloquei as mãos na cabeça e corri para cozinha, cambaleando e tateando tudo que via pela frente. Ao abrir a geladeira, a única coisa que sobrava era a jarra de água pela metade. Com a sede que tinha para repor as energias, bebi no gargalo. Água gelada com tempo gelado não se misturam e percebi que seria bom se colocasse uma roupa. Abri o armário e susto. Minhas roupas básicas não existiam mais. Só achei camisa preta, calças de couro, jeans rasgadas e um pôster do AC/DC. Corri para minha videoteca, e todos os meus clássicos não estavam lá. Pelo contrario, só havia show de rock pauleira. De todos os tipos. No vídeo, uma fita passava a hora que um musico famoso comia a cabeça de um morcego vivo. Fiquei estarrecido e sentei-me na poltrona da sala. Comecei a ligar essas informações. Bebedeira, AC/DC, calça de couro e morcegos...Fui beber mais água.
Achando aquilo demasiadamente estranho, resolvi por fim, tomar banho. Já era noite e acendi a luz. O banheiro continuava escuro e vi que a lâmpada estava queimada. Muito estranho já que tinha trocado há poucos dias atrás. Fui pegar uma nova para efetuar a troca. Trouxe junto à escada para trocar com segurança. Deixando o interruptor ligado, troquei a lâmpada. No momento que da conectividade elétrica, a lâmpada se iluminou. Por um instante fechei os olhos. Ao abrir, desci incrédulo em direção a bancada da pia. Nela, ao lado da escova de dente e fio dental, encontrei tinta branca, alguns brincos argolas, lápis para os olhos e rimel. Antes mesmo de olhar para o espelho, apavorei me. Passei a mão na cara, e ela estava para lá de ressecada. Ao olhar, a constatação. Não me via no espelho. Via um cantor de rock pesado com a cara toda pintada de branco, com realces pretos em volta dos olhos. Os cabelos sempre repartidos no meio, estava todo arrepiado, duro como tijolo. O pote de gel estava vazio no canto do banheiro. Liguei o som e tocava uma musica que desconhecia na qual uma pessoa gritava sem parar, implorando pela chegada do apocalipse. Já apavorado, abri a torneira do chuveiro para acabar com esse pesadelo real. Mas não tinha água. Precisava acabar com essa historia de qualquer maneira. Fui até o armário e coloquei a roupa menos extravagante que achei, uma camisa rosa fluorescente com um jeans cortado e remendado com correntes. Rezava para não encontrar ninguém fora dali. Iam me achar completamente fora de si.
Foi quando a campainha tocou. Vi pelo olho mágico que era Maria, a menina que chamaria para sair um dia, quando a coragem viesse. Me desesperei. Não tinha noção do que fazer, começava a ficar angustiado sem saber o motivo daquilo tudo. Tudo começou a vir na minha cabeça ao mesmo tempo. Vídeos, roupas, rimel, morcegos e gritaria. Junto disso tudo, veio também baixinho um jazz antigo de Cole porter que foi crescendo, crescendo , cada vez mais, até que só escutava ele. Isso me deu uma tranqulidade tamanha que fechei os olhos.
Abri logo depois e estava na cama, olhando para o despertador. O sol teimava em aparecer e o frio estava insuportável. Eram sete da manhã. Olhei para os lados e estava tudo normal. Levantei. Armário, videoteca, geladeira. Igual a sempre. Que susto! Que sonho! Que realidade sórdida – pensei. Tomei banho, me vesti para sair e preparava o café quando a campainha tocou. Abri a porta sem pestanejar. Lá fora estava Maria com uma guitarra de brinquedo. Sorria doce para mim e disse:
- Você esqueceu lá em casa, Ozzy.
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