Pizza Pizza
Rápido como o vento, ele realizava as entregas de uma maneira cordial. Todos o adoravam. Sempre muito esguio, cabelo molhado, bigode bem feito. Ninguém desconfiava de sua tormenta.
Entre meio dia e nove da noite, Tonico era o entregador de pizza mais badalado da região. Porém quando batia o sinal e deixava seu capacete azul encostado na motocicleta, seu semblante alterava-se. Seus olhos caiam, os cabelos confusos, as roupas antigas, muitas vezes furadas, a voz carregava uma certa monotonia aparente. Saia caminhando pela larga avenida, com o bolso cheio de gorjeta, mas com as mãos vazias de afeto.
Quando chegava na bifurcação, sempre parava. Sentava-se bem no meio e lá ficava, tomando a decisão para que lado seguir. O vento soprava forte naquela noite, pedia por um agasalho, mas enfrentava forte o ar frio. Toda vez era a mesma coisa. Nunca se decidia. Mas naquela noite seria diferente.
Tomou coragem suficiente para encara (ainda que) no imaginário, sua família pela enésima vez, levantou-se do meio fio, limpou os bolsos de trás da calça, foi molhar o cabelo, ajeitou o bigode e partiu para o lado desconhecido da bifurcação. Naquela noite, utilizou tudo que ganhará no dia, em bebida, jogos e mulheres. Dizem por aí que dormiu sorrindo.
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