Aterrisagens e Decolagens
O vôo já estava atrasado há dez minutos. Enquanto isso, Marcos aguardava ansioso por ela no saguão. Chegara cedo, não conseguiu ficar em casa esperando o tempo passar. Era muita emoção para uma noite. Já não dormia ha uma semana. Entre sonos leves e inquietos, predominou a insônia. Sua cara de arrasado contrastava com sua imensa felicidade em reencontra-la. Na sua cabeça era para dar certo e pronto. Ninguém conseguia remover essa idéia. Seu mundo rodava em torno dela. Era com ela que chegava ao orgasmo. Era com ela que sentia a plenitude que se tem numa relação. Completa! Dizia como mantra. Completa para ele.
O avião sobrevoava a imensidão, e o piloto anunciava a chegada em exatamente 50 minutos. Mas todo esse tempo de angustia, dizia ela. Sua ansiedade era grande, suas mãos estavam frias e o suor era corriqueiro. Sua boca estava seca, suas pupilas dilatadas e um pouco de sonolência após o copo de whisky. Não tinha ainda o discurso pronto. Por diversas vezes terminou de ler em voz alta, o que tinha escrito e rasgava. Sua tensão aumentava a cada minuto que passava. Não sabia como esperar a hora do pouso.
Lá na terra firme, Marcos plantado em frente da porta automática preta, era tomado por uma sensação de suspense toda a vez que a porta se abria e alguém desconhecido passava por ela. Sempre por espera-la. Com a mão esquerda no bolso, fazia um daqueles jeitões blasé não demonstrando o que sentia. Num contraponto, na mão direita carregava o imenso buquê de gérberas que tinha encomendado há dias. Ela achará rosas muito corriqueiro, pensou ele diversos momentos. Orquídeas seriam a redenção, mas naquele mês não daria.
Enquanto isso no avião já na descendente, ela fechou os olhos e respirou fundo por tanto tempo, que chegou a se acalmar. A decisão foi tomada no dia da viagem. As coisas muito corridas, espalhafatosas, típicas de situações extremas como essa. Levantou a cabeça e se perguntou quantas daquelas pessoas fariam o que ela iria fazer esta noite. Estava com medo que sua euforia acabasse com tudo.
O tempo não passava. Marcos foi comprar um café e ficou observando aterrisagens e decolagens. Gente que ia embora por algum motivo e gente que chegava com esperança e renovação. Era desse modo que a esperava. Tanta coisa a dizer, tanta coisa para viver. Tinha certeza que dessa vez não tardaria em tê-la para sempre. Foi quando viu seu avião descendo lentamente. Seu coração disparou, sua boca secou. Foi lavar o rosto no banheiro. Parecia um moleque de 13 anos quando tentava transparecer para aquela alguém o quanto a quis.
Assim que a rodas tocaram o chão, seus olhos fecharam. Tinha de ter coragem suficiente. Não estava mais conseguindo segurar a emoção e lagrimas escorreram por seu rosto. A decisão tomada ao passar pelo check in não poderia ser revogada. Levantou da cadeira e foi interpelada pela aeromoça que pedia a ela que mantivesse os cintos afivelados ate a parada completa. Nem deu ouvidos a ela.
No saguão, Marcos suava. Na porta do avião, ela era uma das primeiras a sair apressada. No saguão, Marcos, com o coração apertado sorria nervoso esperando o abrir das negras portas automáticas. No corredor, seu andar se intensificava, e ela não pensava em mais nada. No saguão, Marcos pode avistar diversas pessoas esperando suas malas. No banheiro, ela repetia para si mesma sua decisão. No saguão parado, Marcos apertava cada vez mais as flores em seu peito esperando o momento de vê-la. De longe, ela avistou Marcos. De longe, Marcos a viu. Sua primeira impressão foi de êxtase total. Abriu os dois braços como querendo abraçar o mundo. Atravessando a porta, ela abaixou a cabeça um pouco envergonhada. Marcos petrificado, ajoelhou-se esperando um longo e tenro beijo. Estática ela parou em sua frente e o olhou. Marcos frustrou-se um pouco e a olhou fundo nos olhos.
Ela foi a primeira a falar. Ao invés de beija-lo com intensidade, contou o real motivo de sua vinda. Precisara contar no momento que descera na cidade forasteira. Não conseguiria fingir para ele o que realmente a afligia.
Tenho outro alguém, disse ela.
Me desculpa Marcos, mas não me sentiria bem falando isso pelo telefone – continuou ela.
Precisava ser isso ao vivo, cara a cara, como sempre fui transparente – completou. Mais uma vez, desculpa.
Passou a mão em sua cabeça, virou de costas chorando e foi ao embarque para não perder o próximo vôo de volta. Estava triste, mas leve. Leve consigo mesmo, não por tê-lo machucado, mas por ter sido verdadeira.
Enquanto isso, Marcos ainda em pé e em choque, acompanhava seus passos indo embora da mesma forma que um dia chegaram. De avião.
O avião sobrevoava a imensidão, e o piloto anunciava a chegada em exatamente 50 minutos. Mas todo esse tempo de angustia, dizia ela. Sua ansiedade era grande, suas mãos estavam frias e o suor era corriqueiro. Sua boca estava seca, suas pupilas dilatadas e um pouco de sonolência após o copo de whisky. Não tinha ainda o discurso pronto. Por diversas vezes terminou de ler em voz alta, o que tinha escrito e rasgava. Sua tensão aumentava a cada minuto que passava. Não sabia como esperar a hora do pouso.
Lá na terra firme, Marcos plantado em frente da porta automática preta, era tomado por uma sensação de suspense toda a vez que a porta se abria e alguém desconhecido passava por ela. Sempre por espera-la. Com a mão esquerda no bolso, fazia um daqueles jeitões blasé não demonstrando o que sentia. Num contraponto, na mão direita carregava o imenso buquê de gérberas que tinha encomendado há dias. Ela achará rosas muito corriqueiro, pensou ele diversos momentos. Orquídeas seriam a redenção, mas naquele mês não daria.
Enquanto isso no avião já na descendente, ela fechou os olhos e respirou fundo por tanto tempo, que chegou a se acalmar. A decisão foi tomada no dia da viagem. As coisas muito corridas, espalhafatosas, típicas de situações extremas como essa. Levantou a cabeça e se perguntou quantas daquelas pessoas fariam o que ela iria fazer esta noite. Estava com medo que sua euforia acabasse com tudo.
O tempo não passava. Marcos foi comprar um café e ficou observando aterrisagens e decolagens. Gente que ia embora por algum motivo e gente que chegava com esperança e renovação. Era desse modo que a esperava. Tanta coisa a dizer, tanta coisa para viver. Tinha certeza que dessa vez não tardaria em tê-la para sempre. Foi quando viu seu avião descendo lentamente. Seu coração disparou, sua boca secou. Foi lavar o rosto no banheiro. Parecia um moleque de 13 anos quando tentava transparecer para aquela alguém o quanto a quis.
Assim que a rodas tocaram o chão, seus olhos fecharam. Tinha de ter coragem suficiente. Não estava mais conseguindo segurar a emoção e lagrimas escorreram por seu rosto. A decisão tomada ao passar pelo check in não poderia ser revogada. Levantou da cadeira e foi interpelada pela aeromoça que pedia a ela que mantivesse os cintos afivelados ate a parada completa. Nem deu ouvidos a ela.
No saguão, Marcos suava. Na porta do avião, ela era uma das primeiras a sair apressada. No saguão, Marcos, com o coração apertado sorria nervoso esperando o abrir das negras portas automáticas. No corredor, seu andar se intensificava, e ela não pensava em mais nada. No saguão, Marcos pode avistar diversas pessoas esperando suas malas. No banheiro, ela repetia para si mesma sua decisão. No saguão parado, Marcos apertava cada vez mais as flores em seu peito esperando o momento de vê-la. De longe, ela avistou Marcos. De longe, Marcos a viu. Sua primeira impressão foi de êxtase total. Abriu os dois braços como querendo abraçar o mundo. Atravessando a porta, ela abaixou a cabeça um pouco envergonhada. Marcos petrificado, ajoelhou-se esperando um longo e tenro beijo. Estática ela parou em sua frente e o olhou. Marcos frustrou-se um pouco e a olhou fundo nos olhos.
Ela foi a primeira a falar. Ao invés de beija-lo com intensidade, contou o real motivo de sua vinda. Precisara contar no momento que descera na cidade forasteira. Não conseguiria fingir para ele o que realmente a afligia.
Tenho outro alguém, disse ela.
Me desculpa Marcos, mas não me sentiria bem falando isso pelo telefone – continuou ela.
Precisava ser isso ao vivo, cara a cara, como sempre fui transparente – completou. Mais uma vez, desculpa.
Passou a mão em sua cabeça, virou de costas chorando e foi ao embarque para não perder o próximo vôo de volta. Estava triste, mas leve. Leve consigo mesmo, não por tê-lo machucado, mas por ter sido verdadeira.
Enquanto isso, Marcos ainda em pé e em choque, acompanhava seus passos indo embora da mesma forma que um dia chegaram. De avião.
3 Comments:
vc me deixou emocionada, tensa até o fim da leitura. que história mais triste!
“Tenho outro alguém, disse ela.
Me desculpa Marcos, mas não me sentiria bem falando isso pelo telefone – continuou ela.(...)
Estava triste, mas leve. Leve consigo mesma, não por tê-lo machucado, mas por ter sido verdadeira.”
Depois de quase um mês de ter lido esse relato pela primeira vez, voltei para ele.
Desfrutei muito dele, gostei desse final da história. Me deixa com uma sensação de liberação que nem a “chuva” toda!!!
Coisas mudam... (embora não se conheça ainda esse outro alguém que se tem, em algum lugar e tempo)
un beso
PQP, está o máximo!!! Me identifiquei prá cacete. Lembrei de algumas histórias minhas em que o suspense antecedeu um momento definitivo, alguns felizes outros tristes. A vida é assim! Acho tristes os que não mergulham em seus sentimentos pois estes não vivem, vegetam.
Bjs,
Sandra.
Postar um comentário
<< Home