domingo, novembro 18, 2007

Cartas Marcadas

-Coloque as cartas na mesa, disse ela com veemência.

-Que cartas? Se não estamos jogando baralho. Retrucou ele com aquela ironia que o acompanhava.

-Deixa disso Marcos, vamos falar serio por um momento.

-Maria, eu até tento ser serio, mas há algo dentro de mim que bloqueia.

-O que bloqueia Marcos, é a sua incapacidade de se relacionar. Isso sim é um bloqueio. Você deveria abrir um centro para bloqueios. Olha só a idéia que eu estou te dando.

-Maria, acredite, tudo que eu falo para você brincando é verdadeiro. È algo concreto e quero que seja realizado.

-Ra Rá, riu Maria alto. Você acabou de falar uma coisa totalmente sem nexo e eu tenho que me virar em achar equações e raízes quadradas para decifrar o que você realmente quis dizer.

-Assim não dá, você esta me deixando confuso com esses seus argumentos. O jeito de você se colocar sempre me instiga a bloquear.

-Então o que você realmente sente por mim, é medo né Mario? Medo das conseqüências futuras. Como um filme que tenha uma charada central, mas duzentas periféricas que fazem a central ser esquecida por muito tempo.

-Ora Maria deixe disso. Sempre esse papo. Hoje acordamos numa boa. Tivemos uma noite para lá de interessante, para não dizer excitante. Enchemos os córneos, dançamos ate de manha. A coisa esquentou como nos velhos tempos. Fui dormir achando quer hoje retomamos a direção certa....

-A única direção certa é pela porta. Isso é que eu vou fazer contigo Mario. Já não suporto essa onipresença transparente.

-Onipresença transparente? Olha só você, apontando com o dedo em riste Querendo dificultar a colocação das palavras para que eu pense que a culpa é minha. Simplesmente minha.

-Ah, agora você é o coitadinho que tem um bloqueio, mas não quer se tratar. Quando falo uma coisa mais elaborativa, você surta. Na sua linguagem de computador: Dá tilt.

Marcos pensa um pouco antes de continuar o dialogo, respira fundo e diz:

-Maria, vamos fazer o seguinte! Paramos de nós falar. Por um tempo. Para falar a verdade, o tempo que você achar necessário. Verás que tudo isso é invenção sua. È picuinha tua em relação aos meus modos de operar.

-Marcos, Marcos, Marcos, falou baixinho Maria. Quantas vezes você propôs isso é não cumpriu? Quantas vezes você apareceu do nada, querendo voltar? Que fazemos uma bela dupla e um lê o pensamento do outro. Como se fossemos a intersecção pura do amor que todos nós ansiamos. Que sem mim, não tem futuro! Que sem mim, você não consegue olhar para frente. E por aí vai.

-Mas agora, eu dou minha palavra. Marcos estende a mão para Maria. Ela hesite e logo após, aperta a mão de Marcos.

Está feito, meu caro. A partir de agora viveremos nossas vidas separadamente. Não me venha pedir conselhos ou oportunidades.

Prometido!

Por mim também.

Ótimo chega dessa discussão, não quero saber de mais nada. Alias eu vou é arrumar outra dupla.

È isso mesmo. Acho ótimo, quem sabe assim você me deixa viver um pouco.

É pra já.

Silencio de ambos por alguns segundos até que Marcos não agüenta e fala:

E ai Maria, vai me passar o morto ou não vai?