Competição
Jantavam calados. Somente o barulho das cigarras nas arvores em frente da casa. O sol já tinha ido embora e a lua crescia sobre o lago. No píer, a vara de pescar repousava ereta a espera de uma fisgada. A brisa noturna começava a ventar da esquerda para direita, levando a milhares de folhas a cair de seus galhos. A cor típica de outono mostrava sua cara. Mais um ano se passava do episodio fatídico. Já completara três anos de espera por um sussurro, por um poema, por um dialogo e nada. A casa ficara vazia depois daquela noite. Os moveis continuavam lá, o carro do ano também, as raquetes de tênis, os sapatos de boliche, ou seja, tudo, igual à sempre. Somente o silencio imperava naquela casa na beira do lago.
Aquele episódio mudou por completo a vida do velho casal. Seus filhos já tinham saído de casa e moravam cada um numa parte distante do país. Vieram visitar os pais nas primeiras vezes, mas indignados por tudo que acontecera, deixaram de ir, como se estivessem em luto. Marcara demais a vida de todos. Dos seus amigos também. Nunca mais saíram juntos e começaram a freqüentar cursos de culinária pela Internet e realmente faziam pratos maravilhosos em casa. Sempre em silencio, aquela sensação de vazio, angustiada e de eterna pressão. Podia se ouvir de fora, o cortar dos vegetais, a batida do liquidificador para vitaminas e a panela de pressão preparando o feijão semanal. O sexo era cada vez mais raro, apesar da sintonia que tinham na juventude de suas vidas adultas. Ninguém entendia o que ocorrera e já achavam que a historia tinha ido longe demais.
Uma pena, pois o pior defeito dos dois era a competitividade. Em tudo. Desde a época de faculdade. Começaram se conhecendo numa partida de sueca no intervalo da aula de comunicação.A partir daí, não pararam mais. Competiam em tudo e para tudo. As férias com os amigos resumiam a disputa deles dois. Quanto mais competiam, mais se amavam. Era como uma droga pesada. Foram quase trinta anos nessa disputa. Hoje em dia, jogavam tênis, pescavam e jogavam boliche. Mas naquele dia chegaram longe demais. Nem eles agüentavam mais. Podia se ver que estavam sofrendo muito, olhos cabisbaixos, bochechas arreadas e línguas brancas. Tinham que dar um basta na situação. Mas ninguém daria o braço a torcer. Eram orgulhosos demais.
Orgulho besta, que naquele fatídico dia depois de competirem em tudo, estavam sentados um de frente para o outro, aborrecidos com o fato que não sabiam como agir dali pra frente sem competições. Já tinham tentado de tudo. Foi quando o marido levantou, como quem não quer nada, enquanto sua mulher contava como fora o dia. Foi até a geladeira, pegou o sorvete e, em pé mesmo, sem olhar para ela gritou: VACA AMARELA!
Aquele episódio mudou por completo a vida do velho casal. Seus filhos já tinham saído de casa e moravam cada um numa parte distante do país. Vieram visitar os pais nas primeiras vezes, mas indignados por tudo que acontecera, deixaram de ir, como se estivessem em luto. Marcara demais a vida de todos. Dos seus amigos também. Nunca mais saíram juntos e começaram a freqüentar cursos de culinária pela Internet e realmente faziam pratos maravilhosos em casa. Sempre em silencio, aquela sensação de vazio, angustiada e de eterna pressão. Podia se ouvir de fora, o cortar dos vegetais, a batida do liquidificador para vitaminas e a panela de pressão preparando o feijão semanal. O sexo era cada vez mais raro, apesar da sintonia que tinham na juventude de suas vidas adultas. Ninguém entendia o que ocorrera e já achavam que a historia tinha ido longe demais.
Uma pena, pois o pior defeito dos dois era a competitividade. Em tudo. Desde a época de faculdade. Começaram se conhecendo numa partida de sueca no intervalo da aula de comunicação.A partir daí, não pararam mais. Competiam em tudo e para tudo. As férias com os amigos resumiam a disputa deles dois. Quanto mais competiam, mais se amavam. Era como uma droga pesada. Foram quase trinta anos nessa disputa. Hoje em dia, jogavam tênis, pescavam e jogavam boliche. Mas naquele dia chegaram longe demais. Nem eles agüentavam mais. Podia se ver que estavam sofrendo muito, olhos cabisbaixos, bochechas arreadas e línguas brancas. Tinham que dar um basta na situação. Mas ninguém daria o braço a torcer. Eram orgulhosos demais.
Orgulho besta, que naquele fatídico dia depois de competirem em tudo, estavam sentados um de frente para o outro, aborrecidos com o fato que não sabiam como agir dali pra frente sem competições. Já tinham tentado de tudo. Foi quando o marido levantou, como quem não quer nada, enquanto sua mulher contava como fora o dia. Foi até a geladeira, pegou o sorvete e, em pé mesmo, sem olhar para ela gritou: VACA AMARELA!
1 Comments:
aiaiai, bruno, o amor é eterno enquanto dura.
eu postei a lição lea no nosso blog, eleito pelos demais como o pior texto escrito por mim. postei. ora o melhor, ora o pior.
tó em NY sola fazendo bonecas para entrega na segunda.
tudo bem aí?
Conheci uma americana judia que ama o Brasil. Dala português, já morou em Israel, fez jornalismo na PUC, terminou aqui e agora tá em Berlim estudando. Pensei que ira gostar de conhecê-la.Daniela.
Bjs, sim.
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