domingo, fevereiro 12, 2006

Historinhas de um dia chuvoso

Querido diário,

Vou ser direta ao assunto. Nunca beijei. Muito menos fui beijada. Estou com esse pensamento na cabeça, desde que meus 15 anos passaram semana passada. A festa que eu sempre sonhei e que todos me ajudaram. Não me considero feia nem bonita ao extremo para me fechar e não conseguir aquilo que sempre planejei desde que me mudei para cidade grande. No interior sabia que poderia ser mais difícil pela comunidade fechada. Vislumbrava sempre que na cidade grande alguém que nunca tinha visto iria olhar fundo nos meus olhos, profundo mesmo, para me deixar desnorteada. Com as pernas bambas, só de pensar da maneira que chegaria em mim, se ele seria ou não minha paixão verdadeira. Sei que desde de menininha, de tanto ler historias românticas, meu mundo ficou circundado por essas fantasias que não deixavam minha cabeça assumir o que de fato seria um beijo como qualquer outro, conforme minhas melhores amigas me falam. “Beta, é só um beijo. Você acorda do mesmo jeito no dia seguinte!”. Brigava com elas porque o meu seria diferente. Não deixaria ser um ato impulsivo e somente carnal. Gostaria de saber com quem estou entregando meus lábios. Afinal de contas, é dele que expresso os poeminhas que recito. Desse jeito só vou me confundir.
O que eu quero te contar é que no dia da minha festa, o Guto da minha aula de musica, aquele que toca saxofone, e que chamei em consideração ao pessoal de classe, me deu um presente que realmente mudou meu olhar sobre ele. Acho engraçado como simples fatos podem mudar sua opinião. Coincidências? Nem tanto. Não acredito! Começava a perceber isso em meus pais e no meu irmão mais velho. Mas peraí, ele já passava dos vinte. Me imagino com vinte anos mas não quero te falar agora disso. Quero falar do Guto. Todos meus amigos trouxeram roupas de grife. Vovô me deu aquela bicicleta que tanto queria e meus pais me pagaram a festa. Mas o que me chamou a atenção foi o presente do Guto. Dentro de um envelope azul escrito a mão estava um cartão. Ao abrir o cartão, estava uma foto minha tocando violino. Tenho mil fotos minhas tocando violino, mas essa foi diferente. Em todas sei que estão me fotografando, mas aquela? Ele pegou de um ângulo sem eu perceber. O mais interessante e bonito foi que o sol estava se pondo naquela tarde de inverno. Então a claridade avermelhada que adentrava a sala refletiu no violino e iluminou minha cara de um modo angelical. Tive uma sensação de extrema felicidade quando vi aquilo. Aquela foto já fora tirada há pelo menos três meses. Estamos quase chegando ao verão. Ele guardou pra si um tempão!!!! Agradeci sem graça e fui guardar especialmente com meu avô que cuidava desde sempre de mim. Falei: “Vô, guarda no coração que depois eu busco contigo”.
Fui curtir a festa onde dancei horrores. Pedi para gravarem tudo. È claro que chamaria todas para verem e comentaram as roupas, danças, peguetes (foi mal, adoro essa palavra) e fofocas. Mas uma coisa não consegui parar de reparar, o Guto. Sem menos trocar meia dúzia de palavras, só de pensar no presente me deixava nervosa. Vi no dvd da festa que me pegava diversas horas olhando a ermo ou olhando para ele. Não era totalmente deslocado, só que como um passo de mágica podia pressentir suas ações e via nos seus olhos à vontade de me olhar. Sua timidez escancarava demais. Quase na hora do bolo, fui ate ele. Tinha acabado de pegar uma soda no bar e tasquei um beijo em sua bochecha. Céus!! Como eram tenras e macias. Uma espinha na cara marcava seu inicio de puberdade. Inicio? Tava na cara que ele cresceu antes. Ninguém me daria uma foto dessas, ainda que nessa época da vida tinha sempre a vergonha de ser um presente barato. Mas também não sou ligada nessas futilidades.
Já faz três dias que isso aconteceu e não paro de pensar no perfume que ele estava usando. Na segunda feira, fui agradecer mais uma vez pelo presente que me dera. È claro que ele ficou super sem graça e pude então perceber a timidez e a semi-covinha que surgia no canto direito da bochecha. Então, me chamou para ir caminhando com ele pra casa. Descobri que ele morava a poucos quarteirões de meu apartamento. Quando saímos o céu preto e estrelado estava lindo. Chegamos a caminhar pelo calçadão. Pude sentir uma leve brisa vinda do mar que abriu meu coração e comecei a lhe contar coisas que só pra você que conto. Não fique enciumado. Estou em êxtase.
Nosso papo fluía tão bem que só acabou quando mamãe me ligou no celular preocupada. Sabe como é cidade grande. Só o verei amanhã, mas noite passado sonhei com ele. Pois é, fazia tempo que não me lembrava de sonhos. Sonhei que tocava seus lábios com as pontas dos meu dedos. Mas não com todos os dedos de maneira atrapalhada e vulgar. Tocava com os dedos que levam o som ao meu violino. Com os dois dedos mais importantes de minha musica. Lembro-me nitidamente. Pude sentir o contorno de sua boca e a respiração ofegante e nervosa por aquela situação. Achei que era verdadeiro o que acontecia. Não quis mais dormir. Me sinto extremamente lúcida e decidida. Um turbilhão de emoções tomou conta de mim. Sorrio para tudo a partir de agora. Desde então estou na janela a esperar. Tomei uma decisão. Vou beija-lo. Beta e Guto, cem vezes eu escreverei. Até o beijo alterar definitivamente o rumo da minha historia.

2 Comments:

At 14 fevereiro, 2006 09:59, Anonymous Anônimo said...

- "um presente que realmente mudou meu olhar sobre ele"

- "Como simples fatos podem mudar sua opnião"

- "Coincidências... Naõ acredito!"

- "Um envelope azul escrito a mão"

- "O céu preto e estrelado estava lindo"

- "Pude sentir uma leve brisa vinda do mar"

- "Noite passada sonhei com ele"


Vale plágio????
Não sabia... ehehe

Ficamos na expectativa...

Um beijo pro Bruno!

 
At 14 fevereiro, 2006 16:15, Anonymous Anônimo said...

Voltei!

Vc só esqueceu de falar uma coisa:
Qualquer semelhança é mera coincidência.... uhmmmm

ADOREI!!!

Beijos

 

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